6 de janeiro de 2014

RESENHA: Dias de Sangue e Estrelas (Feita de Fumaça e Osso #2)

Editora: Intrínseca
Autor(a): Laini Taylor
Número de Páginas: 448

Sinopse: Karou, uma estudante de artes plásticas e aprendiz de um monstro, por fim encontrou as respostas que sempre buscou. Agora ela sabe quem é - e o que é. Mas, com isso, também descobriu algo que, se fosse possível, ela faria de tudo para mudar: tempos atrás Karou se apaixonou pelo inimigo, que a traiu, e por sua culpa o mundo inteiro foi punido. Na deslumbrante sequência de Feita de fumaça e osso, ela terá que decidir até onde está disposta a ir para vingar seu povo. Dias de sangue e estrelas mostra Karou e Akiva em lados opostos de uma guerra ancestral. Enquanto os quimeras, com a ajuda da garota de cabelo azul, criam um exército de monstros em uma terra distante e desértica, Akiva trava outro tipo de batalha: uma batalha por redenção... por esperança. Mas restará alguma esperança no mundo destruído pelos dois?

Olá gente lindaaaa!
Tem coisa melhor do que encerrar o ano com uma leitura arrebatadora? Não, né?! Por isso, venho dividir com vocês minhas impressões sobre o livro "Dias de Sangue e Estrelas", segundo livro da série Feita de Fumaça e Osso (Confira a resenha do primeiro livro AQUI!), minha última leitura de 2013.

Atenção: Esta resenha pode conter spoiler do livro anterior. 

A sequência de "Feita de Fumaça e Osso" começa um pouco depois de onde o livro anterior termina. Enquanto o mundo está fascinado em busca da 'garota da ponte', da 'garota que voa' (vulgo, Karou), Akiva está de volta a Eretz, seu mundo. Está desolado sem saber se Karou está viva ou morta. Após quebrarem o osso da sorte no Marrocos, e, após Karou recuperar suas memórias de outra vida, de quando era Madrigal, Akiva tem de conviver com a lembrança da dor que viu nos olhos da amada ao confessar o que fez.
"A infelicidade de Akiva o consumia. Ia lhe corroendo aos poucos, e ele sentia a dor a todo instante, como se dentes o dilacerassem - a tristeza que o devorava por dentro, a verdade sombria do que tinha feito, atormentando-o como um pesadelo do qual não conseguia acordar." (página 16)
Enquanto isso, Karou está em uma casbá na região sul do Marrocos, sendo uma "sacerdotisa de um castelo de areia em uma terra de poeira e luz das estrelas" e trabalhando com a última criatura que desejava ter reencontrado dessa vida: Thiago, o Lobo Branco. Ainda que não se sinta plenamente confortável tendo se aliado a homem que lhe tirou a vida, quando era Madrigal, Karou reconhece que para o bem do povo quimera, essa aliança é necessária. O Lobo Branco é respeitado, temido e seguido por seu povo, é um verdadeiro líder. Karou, por sua vez, aprendeu a ser uma ressurreicionista como o melhor que já houve, seu amado Brimstone. Assim, embora Karou tenha habilidade e dor suficiente para criar um exército de quimeras, ela ainda é a amante de anjo, a traidora dos quimera, por isso precisa de Thiago.
"No grande  coração selvagem daquela terra que, dia após dia, sofria com caravanas de escravos e carnificinas, alguém havia começado a matar anjos.
E, quem quer que fosse, o fazia com muita, muita eficiência." (página 38)
Quem leu "Feita de Fumaça e Osso" não deixou de perceber a personalidade peculiar de Karou, porém não leia Dias de Sangue e Estrelas esperando encontrá-la. A Karou desta sequência está muito mais sofrida, muito mais introspectiva. Ela não se perdoa por ter se apaixonado pelo inimigo não uma vez, mas duas. Por isso pagar o dízimo de dor a cada ressurreição não é nada para ela. Apesar de ter o corpo coberto por hematomas, ter poucas horas de sono por noite, ter perdido muito peso, ela não acredita ter se redimido com os quimeras. Ela não merece conforto, ela precisa sentir dor. É o mínimo que ela pode fazer para ajudar seu povo a enfrentar os terríveis exércitos de anjos.
Há anos o povo quimera vem sendo massacrado pelos anjos e se tornado seus escravos, mas é hora de se povo poder contar com ajuda. É por isso que ela está ajudando a criar exércitos, para proteger seu povo. Pelo menos esse é seu objetivo. Teria o Lobo Branco outro objetivo?
"Há intimidade na dor. Qualquer um que já confortou alguém que estivesse sofrendo sabe disso: a ternura impotente de quem consola, o abraço, os gemidos e o lento embalar, quando dois se tornam um contra o mesmo inimigo, a dor." (página 65)
Mais uma vez Taylor me arrebatou e, o segundo volume é muito mais intenso e sombrio que o livro anterior. A carga emocional (não sei se está é a palavra ideal) deste livro é tão grande, as descrições das batalhas são tão fortes, o sofrimento tanto de Akiva quanto de Karou, a pressão que ambos sobrem por parte de seu povo faz com que a narrativa seja pesada, densa, desconfortável...  e poética. Gente, Laini Taylor sabe bem como usar as palavras. Nenhuma frase é simples, nenhuma frase é composta apenas de palavras... é possível sentir o coração de cada personagem, é possível sentir a dor, o tormento... o amor.
Um momento que me fisgou de verdade que foi emocionante, embora não tenha me arrancado lágrimas ou suspiros, mas que arrancou meu coração foi o reencontro de Karou e Akiva. Akiva aliviado, feliz e culpado ao reencontram Karou após ter pensado que ela estava morta. Karou dividida entre matar ou correr para os braços do anjo por quem é apaixonada desde outra vida. Seu maior inimigo. Sua ruína.
"Akiva nunca fora um estranho, e esse era o problema. Uma espécie de chamado ecoava entre eles, mesmo agora, e do vazio do coração de Karou, onde deveria haver apenas inimizade e amargura, veio um lento apelo de... saudade. Mas logo foi sufocada pela raiva. Coração vil! Melhor seria arrancá-lo fora.
Como ela ainda podia não odiá-lo?" (página 268)
Quanto aos personagens secundário, não posso deixar de citar Ziri, o último kirin (espécie de Madrigal) e último quimera do exército a possuir seu corpo original. Sua personalidade, insegurança e fofura diante dos sentimentos nutridos por Karou desde a infância mostram que nem sempre a fera é fera. Zuzana, a melhor amiga de Karou que de alguma forma consegue descobrir o paradeiro da amiga e embarca em uma viagem para o meio do deserto, sem medo de entrar em um castelo de areia cheio de mosntros traz à narrativa o equilíbrio e humor necessários. Sem os toques zuzanísticos, a clima da trama seria quase que totalmente opressor, denso e lúdico. Sem contar que seu namoro com Mik é suuuper fofo. *-*
****
Confesso que demorei um pouco para embalar na leitura porque faz bastante tempo que li o primeiro livro, assim só lembrava dos pontos principais. Porém, quando fui relembrando dos acontecimentos e personagens do livro anterios, foi impossível largar o livro.
Este livro é muito mais denso e sombrio que o anterior e, a todo momento fiquei dividida entre torcer para Karou perdoar Akiva ou concordar com o ódio que ela sente (afinal, é suuuper compreensível!). Fiquei com raiva de Karou por ter se aliado ao Lobo Branco apesar de entender sues motivos... fiquei desconfiada com relação a algumas atitudes de Thiago e me irritei profundamente com a submissão de Karou. Porém, foi impossível não me deixar tocar por sua dor, e também pela dor de Akiva e outras personagens. Posso dizer que após conhecer esta série, a imagem que eu tinha dos anjos nunca mais será a mesma.
Só tenho uma reclamação a fazer: o terceiro livro não tem previsão de lançamentos!! Buá, buá, buáaaaaa....
Super recomendo!!!

Classificação:
***
Espero que gostem!!

Beijos e amassos!!

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